Para Fiemg, busca das empresas por crédito deve aumentar
Demanda teve queda acumulada em 2023
A demanda das empresas mineiras por crédito fechou 2023 com queda de 1% no acumulado do ano, enquanto no País a média registrou crescimento de 1,8% na mesma base de comparação, de acordo com levantamento da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). No mês, a queda de Minas Gerais foi inferior à brasileira (-18,6% contra -19,9%). O alto patamar da taxa de juros inibiu uma participação maior das micro e pequenas empresas (MPEs) neste mercado, situação que deve se alterar em 2024, com a continuidade do ciclo de cortes da taxa básica de juros pelo Banco Central (BC).
Na primeira metade do ano passado, a busca por crédito das empresas mineiras esteve perto da demanda nacional. A situação mudou no segundo semestre, em que, tradicionalmente, médias e grandes empresas buscam menos crédito. E são nesses portes em que a demanda de Minas é concentrada.
A analista de estudos econômicos da Fiemg, Amanda Morais, explica que o patamar elevado dos juros inibiu que as MPEs buscassem crédito no mercado. “As altas taxas de juros acabam dificultando a tomada de crédito porque tem muito mais risco e as grandes empresas estão mais aptas a assumir esse risco e conseguir esse crédito”, disse.
O analista de negócios da entidade, Aguinaldo Lima, completa que a demanda das empresas mineiras existe e que não há nenhum movimento específico do mercado que justifique a queda. A não ser o fato do setor financeiro estar restritivo ao crédito, algo que ele ressalta ser comum. “O crédito brasileiro às grandes empresas é mais facilitado. Tanto no leque de opções, quanto nos bancos, que são mais receptivos às grandes empresas e mais restritivos à demanda das micro e pequenas empresas, porque oferecem mais risco”, explica.
Para Aguinaldo Lima, a expectativa é que o ano de 2024 possa registrar uma demanda melhor do que ano passado com a continuidade dos cortes do BC na taxa de juros. Com a necessidade de renovação dos estoques e de investimentos sempre à vista, com juros menores a busca por crédito tende a aumentar. “É necessário que os bancos estejam dispostos a fornecer o crédito. À medida da redução da Selic, os bancos tendem a emprestar, porque o retorno acaba sendo maior do que investimentos em aplicações financeiras. É mais interessante”, comenta o analista de negócios da Fiemg.
Amanda Morais ressalta que a redução dos juros possibilitará também que empresas de portes menores diversifiquem a demanda por crédito no geral. “A redução da taxa de juros é um incentivo a todos os tipos de empresa, desde as pequenas até as grandes, a tomarem mais crédito, realizarem novos investimentos”, conta.
Em 2023, as grandes empresas lideraram a busca por crédito no País, com crescimento de 12,49% na demanda acumulada no ano. As MPEs registraram avanço de apenas 1,73% nesta base de comparação. “Acredito que tenha até um aumento das micro e pequenas na demanda por crédito com a redução da taxa de juros”, completa Morais.
Levantamento da Fiemg mostra inadimplência menor que nacional
O Estado registrou taxa de inadimplência total mensal de 2,73% ao ano (a.a.) em dezembro de 2023. Menor que a média brasileira, de 3,3% a.a. Em Minas, a inadimplência relativa ao crédito de pessoa física foi de 3,05% a.a.. A referente de pessoa jurídica foi de 2,18% a.a.